quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Tributo a futilidade

       Eu podia estufar meu peito de orgulho ao ver minha cama repleta de avessos. Eu me dava esse direito de só deixar pendurado nos cabides as bem-feitorias, preocupações com a sociedade, poses, boas posturas e cumprimento de obrigações. E então fechar as portas à chave e sair para dar uns amassos com a noite. O resto podia ficar tudo ao avesso e eu estava adorando. Eu podia sair sorrindo sozinho pela rua que, repleta de pessoas, seguia minha direção: aquela contra o vento. Ah, eu já havia destinado todos os dilemas para a roupa a ser usada e agora só me importava com o que havia de beber. Meu único objetivo seria o estado alcoólico e eu estava mesmo era me fudendo para o resto.
       E sob esses focos, eu nem estava aí para quais amigos faria companhia, nem para quais pessoas daria boas doses de cara de vendedor de tapetes. A noite era minha única companhia obrigatória e eu mesmo, meu maior amante. Deixei a rua me levar, e dei meu coração ao vento. Me senti livre com uma latinha na mão, um sorriso cafajeste no rosto e milhares de desconhecidos. Ah, um brinde a liberdade! Aquele abraço apertado a quem inventou a sensação de não fazer nada de útil e sentir aquele prazer compensatório.
     Sentir a alma lavada, a consciência distante, o vento usurpante e o coração livre pra um sorriso largo. Obrigado, querido fim de semana.

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