domingo, 29 de setembro de 2013

Das constatações dos últimos dias

Não se planeja certas vidas.
Não se deve ater aos conhecidos.
Não concorde sempre, muito pelo contrário.
Não diga que sente o mesmo, se você não tem a menor ideia do assunto abordado.
Não seja tão duro consigo mesmo.
Perdoe.
Fale, sempre que possível.
O tempo é senhor do vento, e o vento geralmente varre.
Ah,
Somente cinco pontos fazem uma estrela. Pelo menos das que brilham.

sábado, 28 de setembro de 2013

Híbrido-amor

Assumo: eu sou um cara muito estranho. Daquele jeito que você pensa que só existe nas caricaturas. Que não sabe falar certo, e geralmente faz na hora errada. Que se arrepende das coisas antes de começar, que quando faz, exagera. Que se perde no raciocínio. Eu sou daqueles caras que age com a cabeça, mas quando deixa ela de lado, transborda coração: e faz um sujeira de tanto insistir. Eu sou um cara estranho pela única e exclusiva culpa do amor... que de tão estranho como eu, fez morada por aqui. E alcançou as partes sãs do meu corpo, misturando-se, irremediavelmente. Agora sou híbrido amor. Não restou nada além disso. Só restou amor. Ops, restou só o amor. E parece que basta.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Diga que não sou

Se perguntarem de mim, diga que vivo. Diga a eles que cresci, não sou mais o mesmo. Diga que eu não sou mais o mesmo: repita isso para que eles guardem. Diga que irão precisar me conhecer todos os dias, e todos os dias me reconhecerão, porque a vida vem num tufão... que se perde de areia tanta dentro do coração. Diga, também, que fico bom tempo sozinho, e não por falta de amigos, mas porque me sou um deles. Diga que continuo a falar sozinho, e também, a chorar sozinho. Diga que minhas piadas não mudaram, e que ainda riem delas. Diga, também, que permaneço romântico incurável, mas que o amor mudou de sentido pra mim. Diga que sou calejado, mas também livre. Diga que não sou mais o mesmo: sempre repita isso. Discorra das mudanças. Diga que ainda sinto minhas mãos na sua cintura e as outras no seu cabelo quando o nosso beijo calava o mundo. Eu ainda sinto. Mas diga que não sou mais o mesmo. Fale que continuo ciumento incurável, e que repudio ouvir aquilo que se presta a tentar me agradar. Diga que adoro ser contrariado e, por isso, não sou mais o mesmo. Diga que encontrei aqueles que durarão até que eu morra. Diga que sou completo, e tanto ser completo, incompleto me faço. Diga das saudades que se amarram nos meus pés e compõe os meus caminhos. Diga que ensaio conversas sérias andando pela rua na madrugada. Ah, avise que agora eu escrevo pra me libertar. E peça pra que não leia. Por favor, se for preciso diga. Diga que vivo. E que cresci. Eu cresci. Mas diga, só se perguntarem... se não, viva. E cresça. E nunca seja mais o mesmo. 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

travesseiro

o choro quer dizer
que simplesmente
não se tem a dizer
nada sobre o choro.
que o mundo é composto.
e você um fragmento,
fragmento composto.

domingo, 15 de setembro de 2013

Meia vida

Às vezes eu sinto que amarrei meus próprios pés num nó tão cego que de, tanto olhar pra ele, cego me tornei. E sinto que sou completamente incapaz de desatar o nó. Logo eu, que sou tão capaz de tantas coisas... logo eu. Como que num reflexo, quem tenta desatar o nó dos meus pés o faz em vão, porque não deixo, corro, me escondo. E vou andando sozinho com os pés amarrados. E vou deixando meu coração na estrada, aos pedaços. Seguindo meu caminho, com meio coração... ou quase nenhum. É um caminho solitário, sem passos largos pra não cair, sem o coração pra sentir e com uma vontade imensa de ver de novo. Talvez haja um belo pôr-do-sol nesse caminho. Mas esse meio garoto não consegue ver. Talvez seja melhor sentar e esperar que a noite logo vem, e a noite é amiga da solidão. A noite é triste pro garoto sem coração.

sábado, 7 de setembro de 2013

Eu perdi

Fiz pra ele um altar,
altar bem particular.
Algumas orações, preces...
belos elogios:
irreparáveis
impecáveis
inexplicáveis.
Numa gaveta com cheiro bom
guardei
à duas voltas de chave.
E, fui vivendo.
Deu saudade e não encontro
a chave pra lhe entregar
mostrar
declarar
o meu tesouro,
meu amor.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Um piscar

Permaneço inerte, anestesiado.
Nada parece, de fato, me encontrar.
Nem eu, nos meus mais árduos esforços, consigo.
Portanto, deito.
Raramente, mudo de posição.
Muito menos, de pensamento.
Talvez eu não saiba mais o que é um pensamento.
As telas me consomem...
suas histórias, suas vidas, seus dramas.
Vou vivendo
sem viver.
Vou me escondendo
até quando der.
Dói. E, talvez, eu não saiba onde.
Lembro-me de dizer que seria difícil.
Difícil está sendo..
você só não pode desistir.

Anestesia

Sinônimo de férias.