Coloquei as cobertas pra lavar. Uma a uma ajeitei-as na máquina, caprichei no sabão em pó e assisti todo o processo ali em pé. Acreditei em cada enxágue, na espera de que a água levasse todos os sentimentos com ela. Centrifuguei todas as lembranças a fim que não volte ao centro nunca mais: coração. Peguei os prendedores do desapego e da razão e as pendurei no varal de um sábado a tarde. Até o varal quase não aguenta o peso do que fomos. Deixe-as sob o sol para que cada gotícula de saudade fosse evaporada e pedi ao vento que levasse as nuvens formadas por elas pra chover em outro local. Que o vento seque esse amor pra nunca mais. Que as boas lembranças sejam esquecidas.
***
É segunda-feira. Recolhi as cobertas pra um novo começo, arrumei a cama.
Sinto o perfume das cobertas lavadas com um tom de esperança.
Merda, ainda tem seu cheiro.
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