segunda-feira, 30 de julho de 2012

Oração

Eu me sublimo quando olho pra minha vida e vejo o Senhor usando os mínimos detalhes pra falar comigo. Fico sem palavras quando o Senhor usa quem eu menos espero pra dar o Seu recado. Fico agradecido por deixar toda sua soberania e se ajoelhar pra falar comigo, olho no olho, porque eu não o faço por vergonha de ser quem sou. E apesar de tudo, ainda tenho coragem de pedir-Te paciência, meu coração é duro e faço birra, sou teimoso.
Peço colo e choro. To querendo uma luz no fim do túnel e não consigo abrir os olhos pra Te ver, apesar de sentir-me ao seu lado. Me perdoe.

domingo, 29 de julho de 2012

Companhia

Pra falar bem a verdade, nesse momento tudo que eu quero é ouvir a lua cantar silêncio.
E me sentar na varanda com os pés de meia e o vento batendo no peito.
Me permitir sentir tudo que é abstrato e atrai um sorriso: felicidade, paz, sossego.
Quero uma cara larga e um abraço sincero da noite.
E fingir que tudo está absolutamente bem, em total completude.
E então senti-la e amar. Ah, mar!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Então, existem momentos que mantemos distância e fingimos não nos preocupar com os outros, então nos pegamos e escolhemos que queremos ter por perto e quando escolhemos essas pessoas, nós pretendemos ficar por perto. Não importa o quanto tenhamos machucado eles. As pessoas que ainda estão com vocês no fim do dia, essas são as pessoas que merecem ser mantidas, mas certamente os próximos podem ser muito próximos, as vezes aquela invasão do espaço pessoal pode ser exatamente o que você precisa. (GA)

falta de encaixe

me moldaram
me mudaram
me poliram,
modificaram 
e me jogaram de volta. 
agora 
não 
me 
caibo 
mais.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Eu me rendo

Se você parasse um pouco pra pensar no quanto isso é torturante, talvez você não mudasse de ideia. É, você é daquelas que tem um mar nos olhos e trata de carregar todo o seu mistério na alma. Um mar daqueles bem verdes, daqueles que te enganam fácil fácil. Você sempre diz o que não diz e fala o que não quis dizer, você sempre deixa uma ponta sem bordar, sempre termina todas as conversas com uma vírgula. Você me vira a cabeça, o coração no avesso, rodeia, tonteia e me deixa como um completo idiota, um bacaca sem vez. Você me elogia quando o assunto acaba de uma maneira muito singular e depois da uma risada pra que eu fique aqui, como sempre, sem saber o que quis dizer. Você é sensível de encher os olhos e forte pra me desarmar por completo. Você me aquece no inverno. Você me promete coisas que não sei o que são mas eu desejo vigorosamente. Quando é que você vai falar sério? Quando é que eu vou te dar um beijo daqueles de surpresa, como você disse que gosta? Eu queria é o tempo como amigo, uma chuva fria, você com meu moletom, uma rua deserta e uma vírgula pra eu não saber como é que vai acabar essa história.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Algo sobre cumplicidade


Pode ir sonhando, meu bem, não vou embora nem que você tente me tirar desse sofá à força. Se não conhecesse o fundo dos seus olhos mais do que conheço o meu próprio eu até poderia cair nessa sua ideia de que está tudo bem. Ficarei. Logo, logo você vai ceder e todas essas lágrimas escorrerão por este rosto branquelo -mistura de sua pele linda e a palidez que esse desamor trouxe-, e então elas justificarão esse seu pijama velho e as meias por cima da calça, as canecas sujas de chá que se amontoam pelo chão e esse filme antigo que chega a grudar pelo resto dos chocolates que você lambuzou quando o viu pela última, ou últimas vezes.
Vou ficar aqui e não demorará muito até que você clame por aquele meu discurso de que 'ele não merece você' que eu já repeti em todos outros amores eternos que você teve. Como faço agora, segurarei essa sua mão fria e cruzarei os meus pés com o seus debaixo dessa coberta que não tem uma cor bonita, mas o seu cheiro, que a compensa. E veremos esse filme juntos. Me perdoe, vou dormir mas acordo assim que você soluçar pela primeira vez pra te abraçar forte e te lembrar que te amo. 
Se você preferir, fico aqui até que caias no sono e eu possa ir embora, mesmo que tarde da noite nesse mais árduo frio. Minha alma trata de esquentar o corpo até que eu chegue em casa. 
Isso tudo vai passar e eu ajudo a cicatrizar esse seu coração frágil rapidinho, eu prometo. E depois que eu conseguir colar os pedaços todos e esculpi-lo novo em folha, estarei a postos pra que você o entregue a alguém e ferre com ele de novo. Está tudo bem, deve ser difícil ser você, é difícil encontrar um cara que consiga lhe oferecer igualdade.. você é muito. Deve ser por isso que eu me uni a você dessa forma e pus em xeque todas essas ideias de amizade completa em pessoas de sexos opostos.
Enfim, é melhor eu parar falar porque você nem está ouvindo esses meus devaneios, você esta mesmo é interessada nesse filme como se ele fosse inédito, com cara de criança quando espera o resultado de uma mágica. Adoro essa sua cara, minha amiga, e engraçadinho. Tá, parei. Te amo tá? Vou estar sempre com você. De cá sua mão, não vou soltá-la.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Não tem síntese pra tristeza

A última gota caiu e o copo acabou por transbordar. Seus olhos optaram por acompanhar o excesso de água no copo e tal como a gota, a lágrima escorreu pelo rosto cansado.
A última gota tratou por balançar toda água ali guardada no copo por muito tempo e então, por isso, não foi somente aquela gota que acabou por escorrer pra fora, muitas outras também fizeram graças ao triste acontecimento. As lágrimas fizeram tal qual, muitas extravasaram.
O rosto cansado permitiu dividir com a expressão da tristeza e agora estampam um belo reflexo de solidão. A cara transparece a alma. Translúcida como a água, ou a lágrima.

O menino não aguenta mais ser meio-invisível, ser visto só pelo cumprimento das tarefas e de todas as obrigações que o tornam um garoto de ouro. Parece que todo o ouro que ele sempre devolveu pra todos acabou por faze-los esquecer que se tem um coração lá dentro dele, e ele não é de ouro, é de carne, músculo inervado completamente cheio de incertezas e carência.
Será que se esqueceram de seu interior? Será que todo aquele papo de "que exemplo que ele é" acabou por deixá-lo invisível de tanto não acreditarem que ele podia ser assim?
O menino está saturado disso tudo e ta cansado de sempre fugir pra dentro de si mesmo. Alguém precisa se importar com ele e pegá-lo no colo, ele pode não aguentar isso tudo. Quem há de ser chamado? não há ninguém que o tenha como prioridade.
Será que só eu consigo percebê-lo no meio de toda essa bagunça? Parece que sim.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Olhos líquidos

          Bato o pé. Cá estou eu andando na veracidade dos meus pensamentos. A estrada de terra trata de me fazer andar quase com os olhos fechados, pois o pó que ergo com a intensidade do passo atraem as pálpebras para o oposto dos olhos. Há tempos não chove
Aqui
e Lá.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Coautoria

"Seu olhar – vitrine dos meus melhores dias. Fica, eu digo. Me ajuda a matar o tempo até a luz voltar. Fica e come da minha comida. Pelo menos até a chuva acabar de cair. Deu agora na televisão que a cidade está debaixo d’água, mandaram ninguém se mexer. Consegue? Tenta, vai. Empresto uma toalha, uma camiseta G, um par de meias e a minha boca quente. Você já bateu recorde de permanência, de toda maneira. Vamos lá, fica, na minha geladeira tem o resto de um frango de padaria, a gente abre um vinho bom. Juro fazer rolinhos na sua franja até você pegar no sono.

Aí você gasta um de seus preciosos sins e deixa pra depois mais um daqueles seus adeus, que, aliás, tem de sobra na sua bolsa de pano, sempre à mão, para casos de emergência. E eu me pergunto: você vai ficar porque está chovendo, ou está chovendo porque você vai ficar? Tanto faz. Se eu bem te conheço, basta me despedir usando a tática do me-liga-qualquer-coisa. Foi assim, desse jeito, que até hoje nenhum dos seus adeus durou para sempre."



       As aspas indicam que as palavras acima não foram bordadas, assim tão lindamente, por mim. Mas acho que vale a pena fazer-me lindo ao compartilha-las, tanto literal quanto sentimentalmente. Desculpe-me, querido autor, mas a partir dessa identificação, me denomino co-autor. E esse título que me dou, ninguém o tira, afinal, só se tem o direito de revogar aquele que o deu, e nesse caso, eu to de boa.

Epitáfio

        Olá minha cara,

        Você provavelmente deve estar com aquela sua cara de surpresa (os olhos arregalados como de quando te beijei pela primeira vez, e com o sorriso contido de quando te roubei outro beijo assim que sua mãe virou as costas pra buscar mais sobremesa). A cara de surpresa ainda imprime seu rosto desde quando leu meu nome no remetente. Insano, ainda acredito que seu coração disparou e, como quem está para atravessar a rua, você olhou pra ambos os lados antes de se agachar para apanhar a carta debaixo da porta, e então se levantou com as mãos nas costas e suspirou bem baixinho, como uma velha. Sem paciência, como sempre foi, não esperou pela privacidade e começou a ler a carta aí mesmo, atrás do sofá amarelo. Agora, um pouco mais calma depois dessa minha repentina fraqueza ao falar-te, terminará de ler em seu quarto, sentada sobre a cama, com os pés descalços e uma música qualquer tocando no computador. E então você sorri sem timidez já que ninguém te olha. Ah, sinto falta de seus olhos e o perfume que enfeita seu cheiro.
       Enjoada de todos os meus enfeites ao te escrever, quer logo saber o motivo de tal desatino meu. Mas antes de tudo isso, até que eu encontre um verdadeiro motivo para essa minha ousadia, esse meu ímpeto em querer transmitir o recado desse pobre músculo propulsor de sangue que teima em dar voltas em torno de si mesmo a fim de querer tirar todo esse meu amor tonteando-o em infinitas voltas, eu gostaria de dizer que ainda te amo, assim como te amei há alguns mil anos atrás. Te amo por você não ser quem eu amo, e sequer cumprir nenhum quesito dessa minha estúpida lista de qualidades do amor pra sempre. Te amo porque me sinto mais perto da lua quando, chutando lata, volto pra casa sozinho depois de conversas inúteis. Te amo porque é em você que eu busco algo pra pensar quando meus neurônios falham. Te amo porque desconheço-me brutalmente quando me aproximo de você.
        Como me é de costume, você já espera o "mas" ou qualquer outra palavra que venha a advertir toda essa confissão patética embriagada de desrazão. E por esperá-la já que lhe é tão comum, estou certo que, aqui neste ponto da carta, você já não levará em conta o que te pedirei. "Afaste-se", "Me esqueça" e suas companhias nunca foram levadas a sério, tampouco isso será diferente hoje. Mas como conheço todas essas minhas tentativas falhas e vãs, hoje proponho algo que, indubitavelmente, funcionará: peço que morra. Sim, vá dessa pra uma melhor, se livre desse mundo. Pau. Pedra. Fim do caminho.
        Eu sei que você pode não estar acreditando no que lê, e provavelmente, me julga com palavriados terríveis, devido a esse meu ápice de egoísmo, em sua mente- o maior mistério conhecido por mim até hoje. Mas entenda-me, só assim conseguirei livrar-me desse amor que entrelaça-me dos cabelos a mais profunda víscera e amarra-me a ti, perpetuamente. Vá! me deixe viúvo desse quase amor, impossibilite-me de toda e qualquer possibilidade imbecil que eu possa elaborar antes de dormir. Tire a chance de alimentar a energia propiciadora da funcionalidade dos fios neurais que encapam meu coração e o deixam pronto pra que eu o dê de presente, de bandeja dentro de uma caixa colorida. Morra, e me espere do outro lado da vida pra que eu possa viver essa minha vida, de verdade, e depois vivamos a nossa, em outra encarnação. Morra, dê um jeito, eu te peço, imploro. Me deixe sem luz no fim do túnel. Me deixa.



                                                                         De seu amor, com o amor de sempre.












Ps: caso não queira, não tenha coragem, não encontre ninguém para fazer isso ou até tente e não consiga, então desista e não o faça. Volte. E me beije lentamente com todo o amor que você ainda guarda por mim  nesse seu coração disforme, e então me dê a sua mão quente, e fique ali comigo vendo o sol beijar o mar por um fim de tarde. O endereço está no verso da carta, embaixo do nome do remetente.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

lágrima

Eu não sou daqui também marinheiro
Mas eu venho de longe
E ainda do lado de trás da terra além da missão comprida
Vim só dar despedida

Filho de sol poente
Quando teima em passear
desce de sal nos olhos doente da falta de voltar

Filho de sol poente
Quando teima em passear
desce de sal nos olhos doente da falta que sente do mar
Vim só dar despedida





Uma lágrima desce nos olhos ao ouvir Maria Rita
A razão dela pode ficar esquecida antes mesmo de interpretada.

Hometown Glory

           Chegou Julho. Apesar de seu clima nem um pouco agradável e se fazendo explicitamente característico com um frio de cortar toda minha alma, Julho trouxe um sorriso nostálgico que aqueceu o coração.
           Prioritariamente, o sentimento é de gratidão pela constância em amizades que se fazem, refazem, renovam e se adequam, apesar de todas as mudanças que a vida tratou de fazer. É ser grato pela sensibilidade de se re-perceber um ao outro e saber manter o laço além de firme, belo como feito há um bom tempo. O calor que cobre a alma ao se visitar amigos de tão longa data é o par perfeito para o clima tão desagradável da estação, e talvez seja por isso que temos férias nessa época do ano, o calendário é sensível a saudade.
          A fogueira montada lá no alto serve de baú para depositar todos as dores que a saudade trouxe, todos os questionamentos dos caminhos se ramificarem e nos afastarmos, todos os desgostos por não poder compartilhar tudo pessoalmente, corpo a corpo: abraço. E sobre o olhar de toda a cidade, a fogueira é acesa e todos esses sentimentos são queimados e não se sobram nem as cinzas. O calor da fogueira agora acesa, esquenta.
         E com o calor na alma, o frio físico fica de escanteio, deixando espaço pra boas risadas e todos os frutos que belas amizades podem cultivar mesmo sobre condições desfavoráveis. A maneira de se divertir, claro, se adéqua às novas fases de nossas vida, mas os olhares cruzados continuam com a mesma essência.
       Com a alma aquecida e a sensação de completude, saudamos, juntos, a Julho.
       Welcome back.

Round my hometown memories are fresh
Round my hometown
The peoples I've met are the wonders of my world ♪