quarta-feira, 26 de março de 2014

Nosso jeito...

O jeito que você é tímida. Jeito que você sorri com o queixo um pouco pra cima, me mostrando as covinhas do sua bochecha que, pra me provocar, ficam se exibindo ao lado dos seus lábios. Seus lábios: meu mundo perfeito, meu maior desejo, meu paraíso. 
Ah, o jeito que você olha pra direita, quando propõe algo indecente que eu leio com o sorriso safado que você diz que eu tenho. O jeito que você elogia meu olhar, e o jeito que eu passo a mão pela sua cintura. A maneira que você se posiciona pras fotos e minha vontade de te engolir atrás da câmera.
O jeito que você se faz de esnobe, mesmo eu tendo plena certeza que você me quer. E o jeito que você bate com o pé se forçando a se irritar comigo por qualquer coisa boba, até que eu invente umas palavras pra te fazer rir e eu, quando você cede, te abrace como se te conquistasse pela primeira vez.
Ah, o cheiro que a sua nuca tem e o quão hipnotizado eu fico com os seus cabelos grudando na minha pele. O quanto eu fico sem palavras pra descrever o jeito que você arruma o cabelo atrás da orelha quando está concentrada.
O jeito que você se olha no espelho antes de colocar as sandálias altas pra sair. Aquelas, que eu sempre implico por medo de ficar menor que você. O jeito que eu seguro as suas mãos quando saímos juntos e eu posso dizer de alguma forma que você me escolheu. O jeito que meu peito incha e eu me acho o cara mais feliz desse planeta absurdo.
Ahh, o jeito que você é absurda! O jeito que eu deliro quando você fala no meu ouvido que quer ir embora. Caralho, eu te amo, menina!

terça-feira, 25 de março de 2014

assim, de repente
eu quis você por inteiro
sua boca, seu beijo
seu corpo no meu
pra fazer eu me sentir vivo
e me sentir seu.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Eu to bem, sim

Ela me perguntou se eu ia ficar sozinho, de novo. Digitei sim, com a naturalidade que a pergunta pedia. E ela estranhou, disse que respondi muito depressa, reperguntou se estava tudo bem. E eu disse que sim, de novo. Existe uma vozinha na cabeça das pessoas dizendo a elas de que se você prefere estar sozinho é porque não está na bem, ainda mais em Carnaval. Solidão é companhia da gente mesmo, não é só choro e vela. É também, mas também não é. Solidão é quando você prefere se ouvir, ou ainda não ouvir nada, e sei lá, não precisar falar, entende?
E daí você pensa e repensa. Faz planos pra semana que vem, ensaia conversas importantes e desimportantes. Relembra coisas que estavam lá no fundo da gaveta. E esquecem coisas que estavam espaçosas, fazendo entulho no coração. E eu sinceramente não sei onde é que o cara que disse pra todo mundo que eu conheço que solidão é porque não se está bem. Bobagem!
Solidão é também não pensar, perder a noção do tempo enquanto olha pro teto. E, de repente, você nem está mais vendo o teto. E nem pensando. Eu juro por experiência própria que é possível não pensar. Fazer fotossíntese, faz bem. Nunca vi nenhuma planta mal resolvida - true story. 
A verdade é que todo mundo precisa conviver consigo mesmo mais tempo, pra não exagerar na convivência de quem está bem sozinho. Coloca fone de ouvidos e dá uma geral no guarda roupa, releia textos antigos, faça uma mochila. Leia aquele livro velho que sua mãe te indicou quando você tinha 14. Ah, tire umas fotos dos pássaros que dão uma volta - sozinhos, olha só - pela janela do quarto. E vê a poesia que é a sua vida, feita pra você. Depois você vai ver que vai responder sim, com naturalidade e rapidez de se estranhar. Experimenta.  


sábado, 1 de março de 2014

Terminaram

Disseram que brigaram. Ouvi sussurros aqui na rua, não sei bem se é verdade. Uma briga feia, sem previsão de reatarem. Pensei: pobre garoto, bem se vê que não estava feliz. Passeou, dançou, tentou equilibrar na guia. Os olhos pareciam pequenos quando abordava o assunto, o sorriso era de canto quando andavam de mãos dadas. Parece que se estranharam e ele abriu a boca, disse coisas amontoadas, enroladas e sem desrazão, ouviu o que não queria por isso. Ouviu umas palavras sem amor.
Enfim, amigos ouviram ele chorar ao telefone, e vizinhos sabem contar direito como foi a discussão. Dizem que ainda está sentado na calçada, os olhos ainda inchados e resmunga. Pergunta o porquê aos velhos que passam pela rua, pela esquina das suas lamentações. Tenta encontrar uma estória escrita por trás dos contratempos que a vida lhe empurra guela à baixo. Ah, penso eu que é pobre garoto.
Ninguém na vida merece brigar com o tempo, sem previsão de reatarem. A vida fica uma confusão quando não se pode conversar, alinhar e namorar o tempo.