sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Minas de ouro...

Eu ensaiei tirar algumas fotos de alguns momentos do meu dia hoje pra poder dividir com as pessoas. Não que tenha acontecido alguma coisa diferente, só especial mesmo: especial do cotidiano. Fato é que eu reclamo, prometo me mudar daqui, troco as montanhas do quintal pelo mar na próxima esquina, digo que não nasci pra viver nesta cidade... mas digo tudo admitindo que é sempre bom voltar pro ninho. E simplesmente porque é. A saudade de onde o tempo não parou bate forte e eu volto admirando a mais nova novidade que é o vizinho ter trocado a cor do portão. No mais, tudo continua na alegria e simplicidade de sempre. Legal é que o destino me deu um ônibus que me permite voltar sempre enquanto todo mundo dorme e, na minha curta noite, eu amanheço como todo mundo, como se eu sempre estivesse aqui.
Ontem eu cheguei e todo mundo em casa já dormia, não vi ninguém. Na companhia da televisão da cozinha eu jantei a comida mineira que minha mãe deixou sobre a mesa. Minha cama estava arrumada (poucas as pessoas sabem o valor que isso tem depois de alguns meses fora de casa).
De manhã, minha irmã me acordou pedindo dinheiro. Minha mãe logo passou avisando pra não esquecer de deixar o almoço pronto pro meu irmão. Tudo com a naturalidade do dia-a-dia, como se eu nunca tivesse saído de casa. Escolhi o cardápio da janta, e fui ao supermercado. Enquanto eu atravessava a rua minha tia parou o carro, ali no meio, pra dizer que eu to cada vez mais bonito. Ninguém implicou com ela parando o trânsito, porque não tinha trânsito. Aqui não tem buzina, passarinho é dono do palco. Fizemos a comida juntos, com todos cozinhando e cabendo nela. Aqui não tem apertamento. Minha outra tia chegou trazendo leite direto da vaca, fez as contas e disse que sobrou seis litros pro bezerro: tá de bom tamanho. Também disse que eu estou bonito (eu tô gostando disso).
Vimos a novela, jogamos travesseiro um no outro, chamamos com o Shhiiiiiu na hora da cena importante. Aqui tem conversa com tv ligada, aqui não tem solidão. Cada um no seu tempinho, arrumou as coisas pra se deitar... amanha é outro dia colorido. E eu sobrei aqui, com meu virado doce de banana, comendo na colher, frente à essa tela de computador, sorrindo baixinho a alegria que é pertencer a um lugar. E nascerá colorido o sol na montanha que dá pra ver da janela do quarto: Minas Gerais é uma amostra grátis do céu.

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