terça-feira, 3 de julho de 2012

Coautoria

"Seu olhar – vitrine dos meus melhores dias. Fica, eu digo. Me ajuda a matar o tempo até a luz voltar. Fica e come da minha comida. Pelo menos até a chuva acabar de cair. Deu agora na televisão que a cidade está debaixo d’água, mandaram ninguém se mexer. Consegue? Tenta, vai. Empresto uma toalha, uma camiseta G, um par de meias e a minha boca quente. Você já bateu recorde de permanência, de toda maneira. Vamos lá, fica, na minha geladeira tem o resto de um frango de padaria, a gente abre um vinho bom. Juro fazer rolinhos na sua franja até você pegar no sono.

Aí você gasta um de seus preciosos sins e deixa pra depois mais um daqueles seus adeus, que, aliás, tem de sobra na sua bolsa de pano, sempre à mão, para casos de emergência. E eu me pergunto: você vai ficar porque está chovendo, ou está chovendo porque você vai ficar? Tanto faz. Se eu bem te conheço, basta me despedir usando a tática do me-liga-qualquer-coisa. Foi assim, desse jeito, que até hoje nenhum dos seus adeus durou para sempre."



       As aspas indicam que as palavras acima não foram bordadas, assim tão lindamente, por mim. Mas acho que vale a pena fazer-me lindo ao compartilha-las, tanto literal quanto sentimentalmente. Desculpe-me, querido autor, mas a partir dessa identificação, me denomino co-autor. E esse título que me dou, ninguém o tira, afinal, só se tem o direito de revogar aquele que o deu, e nesse caso, eu to de boa.

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