a sombra da lampada. o escuro artificial.
a textura da blusa e o frio matinal.
os olhos entreabertos, o resmungo desgraçado.
a escova de dentes escovando o passado.
a preguiça no sofá,
a lembrança de você,
o sol escondido na serra que da janela me vê.
o eu escondido aonde não sei me ser.
o almoço cosido, uma solidão bem passada,
o amargo da limonada, uma cara erê.
a limpeza da casa,
casa limpa e vazia,
e um espaço sobrando pra alguém se sentar.
a faxina bem feita
a proposital sujeira escondida no tapete,
o retrato na parede pra não ausência completa.
a faxina mal feita.
o coração feito.
o coração não adjetivado, bombeando incerteza.
a incostância na voz refletindo a dúvida.
sorriso do silêncio quando se conclue nada,
a timidez da graça de ser bobo.
a gargalhada altruísta
e o bom elogio a quem me condiz.
o futuro planejado imaginado no acaso,
a preposição que faz diferença dentro da gente.
estar "in" mas não estar
dentro de mim mas não infeliz.
as palavras jogadas como se fisesse sentido,
o sentido perdido que falta nao faz,
o chiado na orelha que apetece e esquenta,
o calor da insconstância que desorienta,
o norte esvaído sem sequer se importar.
a trilha seguida pelo mato alto.
os castelos erguidos seguindo a correnteza escontando nas beiras sem pressa.
a folha que cai e o rio que leva.
ah, frio da noite e o vento da alma.
a fogueira que aquece mas não incendeia,
a falta que faz o que não sei se existe
a incompletude inexplicada.
o bom cobertor e o veludo da alma.
a camursa no peito que arrepia.
os olhos fechados e as lembranças perdidas...
a barreira liberada pra desejar.
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