Minhas sinceras desculpas. Peço, com lágrimas nos olhos de uma insônia solitária. De alguma forma não saberei dizer o porquê do pedido, o porquê das lágrimas ou da insônia ou, ainda, da solidão. Mas na urgência do sentimento, o faço, desprovido da razão. Talvez eu esteja morto, ou desacostumado (se preferir). É que, caros, não combino mais. Desculpe-me, mas apesar do amor é preciso ir. De tão preciso que me calo.
Não por tristeza, egoísmo, coração-avareza. Mas por ter rodas nos pés e nos olhos de janela. E faltar a estrada pra ver. Não consigo mais ver as paredes com histórias, praças com histórias, pessoas com histórias que não são suas. Não consigo repetir os mesmos versos, piadas, costumes, roupas, mantras. Não consigo sentar à mesa e ter que me silenciar. Não consigo mais aceitar.
Perdoe-me se pareço ranzinza, mal-agradecido. Ainda vejo poesia, encanto, nostalgia. Mas essa vida pra mim é museu, exposição... com o tempo não dá mais pra viver na coisa velha, só dá pra visitar com os filhos, escola em excursão.
Eu tentei ficar, juro que o fiz. Comprei margarina e tomei o café. Mas fui dormir logo depois, que é pra não ter que lavar a louça com palha de aço. Por favor, não leia com tristeza nos olhos. Entenda, é que eu não nasci pra ficar. Talvez eu seja o caso à parte, exceção... que não vive em gaiola de coração. Preciso bater asas, e tem que ser agora... que é pra aproveitar o vento do norte, vento que não tem direção.
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