domingo, 18 de agosto de 2013

É uma bela de uma merda crescer

Dormi cedo e acordei assustado: ainda nem era madrugada. Parece que foi a saudade que me acordou. Apertou o coração, a alma. Senti primeiro a dor e depois a revolta. Revolta contra o tempo, o destino, as estradas, os caminhos que cada vez mais nos levam pra longe das pessoas. Malditos quilômetros! E bate aquela falta que parece que o coração até pulsa mais devagar. Os músculos cardíacos doem pra se contrair. Aquele que disse que seus melhores amigos, seus melhores anos seriam nos tempos de colégio é que estava certo. Que falta fazem os sorrisos, os cafunés, as brigas pelos cantinhos de sol nos bancos do pátio do colégio em manhãs frias de inverno. Que falta fazem os planos que fizemos juntos, pra nossas vidas, profissões, casamentos, viagens. Que falta fazem as promessas que o dia-a-dia não nos deixa cumprir, de que jamais deixaríamos de nos falar. Que saudade tenho das singularidades das pessoas, que saudade! A cada dia parece que o tempo bate a porta mostrando que estamos adultos. Eu não quero ser adulto. E estamos todos nós, cada um em seu canto, com suas faculdades quase concluídas, com novas vidas e responsabilidades. Falta o tempo das conversas nas madrugadas, das noites viradas, das festas, bares... Falta tanto. Parece que o tempo serve pra nos deixar incompletos. Pra nos mostrar que existem mais despedidas do que novos encontros na vida. É uma bela de uma merda crescer.

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