"Não há como acalmar o coração senão vivendo." E são das palavras do poeta querido que descrevo o que passo, o que sinto. O que vem a mim e o que me atravessa. O que vem pra mim e me abraça.
Quando eu olho pra tudo que temos passado, meus olhos arregalam. Saem para fora, quase. Assustados. Porque em diversas vezes eu não consigo me reconhecer. Eu não consigo me ver em mim, quando em ti quero ser. Eu estou me vendo moldado, como que um vaso, dia a dia pelas suas mãos doces que me tocam a alma sem que eu perceba. Pelos teus braços que me cercam dizendo 'sim'.
Quando eu olho pros teus olhos eu quero correr. Porque cresce em mim o medo de não suportar tanta beleza que você traz no bolso, sem nem perceber. Quando o brilho dos seus olhos me alcança, ele me constrange ao ponto de não poder olhar pra ti. Porque eu sou tão pequeno perto da sua certeza. Porque eu sou tão tolo perto da sua beleza. Porque eu sou tão feio perto da sua coragem.
Ao passo que, apesar de tudo me puxar pra trás, algo me atrai em ti. E eu não sei como se chama isso, só sei que nunca senti. Sinto encanto por você ser tão melhor que eu. Por sorrir tímida quando eu despenco problemas fúteis. Por armar covinhas na bochecha quando eu digo que tenho medo. Por ser tão grande coração livre, que se arrisca na felicidade de um encontro bom. Por me olhar no fundo dos olhos e me roubar um beijo. Por não pensar duas, três, quatro vezes. Por pegar na minha mão e me guiar. Por não ter vergonha de tentar ser feliz. Por ser linda o bastante pra mostrar pra quem quer que seja que está feliz. Por ser assim, toda livre. Por não pedir licença, não fechar a porta. Por ser tudo isso que eu não tenho sido, mas ser o suficiente pra sermos dois, pra sermos nós.
E eu vou cedendo, encantado por ti...