domingo, 11 de novembro de 2012

Pôr-do-sol, nascer-no-peito.

Ele riu. Riu como se uma gota de chuva fria tivesse caído às veias e percorrido todas as vísceras, trazendo o arrepio bom como aquele beijo roubado na porta do ônibus de ir pra casa. Ele riu porque lembrou do formato da maça de seu rosto quando ela, com as mãos umas as outras entrelaçando os dedos, se envergonhou de ter gostado da infração. A maça que simbolizou o pecado, pecado de não conseguir parar de lhe querer.
Ele riu. Riu aquele sorriso nostálgico tendo na mente o tempo em que só viviam os dois no mundo. E então prendeu-se ao passado e o rodeou como num carrossel, e deitou à rede e deixou o vento bater no peito aberto e trazer um pouco de frio ao coração que quente estava de paixão-saudade.
E riu. Riu o sorriso da memória boa e do tempo que foi passado, mas é presente, envolvido num laço com cheiro de beijo molhado. Ele riu. Riu e fechou os olhos pra tentar vê-la de novo. E de novo. E riu com os olhos fechados.
Dormiu.

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