terça-feira, 2 de julho de 2013

O poeta sem nome

          Seria mais um dia frio e cinza com chuva que nos incide a perguntar porque deixamos nossos travesseiros e televisores em casa. Seria, também, mais uma estação cheia de gente e trilhos com pessoas sem história circulando. Seria São Paulo no seu mais clichê e estereotipado adjetivo: impessoal. Seria tudo isso se eu não me propusesse a subir as escadas e encontrar um piano.
          E, ali, um homem cheio de história passa seu dia de domingo a tocar a minha tarde, a minha alma. Seria só mais uma tarde se eu não me dispusesse a sentar, aqui, ao lado para ouvir e escrever essas palavras que tentam transcrever a poesia e singeleza da vida.
          A melodia passa e toca o casal de velhinhos ao lado da máquina de refrigerante, a tia da faxina da estação, a senhora que ronda o piano há um bom tempo e não segue o seu caminho, as crianças que param para ouvir e fazer perguntas ao pé do piano, ao senhor de chapéu que o cumprimenta com uma tapa nas costas e vai embora. Aos tantos que aqui passam e repassam com suas diversas vidas.
          Seria só mais uma vida se não existissem e estivessem aqui o poeta e o piano trazendo harmonia à São Paulo, trazendo cor à Sé, berço da cidade. Que se plante a música ao centro e ecoe aos quatro cantos. Sinta e ouça: há vida na cidade, há amor em São Paulo.

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