terça-feira, 18 de setembro de 2012

(In)Direta


"Vocês criaram aquilo que chamo de “romance de saída de emergência”. É um relacionamento que não conhece paz, harmonia e calma, adora crises e cresce com a possibilidade do fim.
 Quando estão perto de romper em definitivo, as juras são renovadas e alimentam a ilusão de que o relacionamento engatou de vez. Em seguida, com a estabilidade, a convivência retoma o batimento e voltam a provocar um ao outro por uma nova declaração e picos de audiência cardíaca.
 Ela ama você, mas não ama a vida que pode ter com você.
 Ela ama você, mas odeia estar amando. Compreende o amor como uma maldição, uma pegadinha do destino. Pretende ficar próximo, mas rejeita o cenário de simbiose e dependência.
 Confia que o amor é uma fragilidade a ser evitada. Atrapalhará sua liberdade de ir e vir, prejudicará os negócios e o desempenho profissional. O amor é uma espécie de inimigo insaciável, a exigir disponibilidade para gentilezas, mimos e cuidados.
 Ela experimenta a seguinte crise: não se separa e também não se entrega. Procura se livrar do amor, mas não de sua companhia.
 Isso explica a vigília em silêncio (vasculhando seu Facebook) e a natural resignação diante dos adiamentos e promessas quebradas (como a do aeroporto).
 Entendeu a contradição?
 Não construiria minha vida para chamar seu retorno. Não mudaria os hábitos ou inventaria viagens loucas para atrair seu desespero. Vai sofrer muito.
 
Não pode ser metade do que você é porque ela não é inteira."

Carpinejar

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