domingo, 28 de dezembro de 2014

vinte um

Ele é todo trufado, com recheio generoso de doce de leite e coberto de castanha de caju. É o meu religioso bolo de aniversário que como somente nessa data e já encomendo pro próximo ano, como num ritual. É noite e eu assaltei a geladeira e roubei o primeiro pedaço pra mim. A casa está em silêncio e aqui como sozinho sentado na cozinha. Cheguei aos vinte e um, com menos dor do que quando cheguei aos vinte. E dois mil e catorze vai passando feito vento surrante aqui pelos meus ouvidos.
É tarde e guardo o bolo na geladeira. 2014 ainda não acabou e talvez seja melhor dormir.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

que foi deu em você?

a última vez que escrevi por aqui foi em julho.
caramba, 2014, o que deu em você?
o que fez comigo? por que me afastou daqui?
ei, 2014, mas que saudades já estou de você
apesar de seus/meus/nossos distanciamentos.
mas
que
saudades
de
você

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Você(s)

encanto-me por você
mulher
mulheres.
encanto-me todos os dias
por cada uma que és
que são
que me deliciam.
encanto-me com seus sorrisos
seu
nossos.
encanto-me
saia nos pés
olhos mirrados pelo alcool
blusa manchada de bebida
minha inveja da bebida
no
seu
corpo.
encanto-me por você
mulher
menina
mulheres.
ocupa-me.

domingo, 29 de junho de 2014

No seu canto

Me encantas.
Encantas por permitir-se assim,
saias nas canelas,
cabelos nos ombros,
lábios por clamar-me.
Encantas
por descocar-se do comum,
sorrir no incomum
e fazer-me desterritorializado.
Encantas
por mudar meu humor,
me deixar tímido
e me olhar como se eu não fosse.
Ah, me encantas, guria.
Me decantas.
Faço-me seu por dois abraços.
E prolongo a estadia
pra ir dividindo, pouco a pouco
nosso tempo.
Nosso canto.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Voltei

Voltei.
Depois de muito tempo evitando essa elaboração saudável e dolorida da escrita. Voltei por acabarem-se os atalhos, voltei pela dor. Trazido por ela, pelo descaso, pelo cansaço. Só voltei.
Voltei pra dar cor pra lágrima que transcende isso tudo, que escorre pelo rosto sozinha, que se esparrama e se derrama, e derrama e morre diluída pelo rosto sem forma.
Ah, voltei, pra essas letras bestas e confusas, pra esse espaço de claridade. Revoltado, talvez.
Com saudade, certamente.
Com vontade de amor, e amar.
Desesperado, voltei.
Ai.
Dói.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

gestalt

Hoje eu senti sua falta quando voltei pra casa.
Fechei os olhos e vi os seus me olhando quando eu acordava.
Senti falta do jeito que você beijava minha nuca
e como jogava o cabelo pra trás.
Senti falta da sua timidez safada,
do jeito que me beijou pela primeira vez.
Ah, hoje eu me senti metade sem você do meu lado.
Senti um buraco no meio da minha vida com o seu desenho,
faltando o encaixe.
Sonhei nosso namoro, sonhei nossos planos,
fiz uma vida inteira pra gente.
E senti falta do seu segundo beijo,
que me faz estúpido, besta, tímido,
ciumento, sem graça, encantado.
Do beijo que tira a minha rota,
e amarrota.
E me faz vontade sair correndo,
pegar trem,
ônibus,
avião
e pousar ali,
dentro de você
e viver as minha mil noites de saudades
em você,
até respirar
só você
e me sentir completo.
Até seu cheiro ser meu
e eu morrer de amores,
meu amor.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Nosso jeito...

O jeito que você é tímida. Jeito que você sorri com o queixo um pouco pra cima, me mostrando as covinhas do sua bochecha que, pra me provocar, ficam se exibindo ao lado dos seus lábios. Seus lábios: meu mundo perfeito, meu maior desejo, meu paraíso. 
Ah, o jeito que você olha pra direita, quando propõe algo indecente que eu leio com o sorriso safado que você diz que eu tenho. O jeito que você elogia meu olhar, e o jeito que eu passo a mão pela sua cintura. A maneira que você se posiciona pras fotos e minha vontade de te engolir atrás da câmera.
O jeito que você se faz de esnobe, mesmo eu tendo plena certeza que você me quer. E o jeito que você bate com o pé se forçando a se irritar comigo por qualquer coisa boba, até que eu invente umas palavras pra te fazer rir e eu, quando você cede, te abrace como se te conquistasse pela primeira vez.
Ah, o cheiro que a sua nuca tem e o quão hipnotizado eu fico com os seus cabelos grudando na minha pele. O quanto eu fico sem palavras pra descrever o jeito que você arruma o cabelo atrás da orelha quando está concentrada.
O jeito que você se olha no espelho antes de colocar as sandálias altas pra sair. Aquelas, que eu sempre implico por medo de ficar menor que você. O jeito que eu seguro as suas mãos quando saímos juntos e eu posso dizer de alguma forma que você me escolheu. O jeito que meu peito incha e eu me acho o cara mais feliz desse planeta absurdo.
Ahh, o jeito que você é absurda! O jeito que eu deliro quando você fala no meu ouvido que quer ir embora. Caralho, eu te amo, menina!